Capítulo VIII

O delegado Júlio Mendonça já havia tomado o depoimento de vários suspeitos do crime, sendo os gêmeos Leonardo e Luana os últimos a serem ouvidos.

- E então doutor, o que é que o senhor achou? – Indaga o detetive Padilha na presença de um escrivão.

- Ainda não sei senhores... Só sei é que ninguém me convenceu de nada até o momento e com certeza ainda tem muita água pra rolar embaixo dessa ponte...








Pouco tempo depois, pegando uma carona com o irmão, depois de um longo silêncio Luana finalmente desabafa:

- Eu te confesso que fiquei completamente apavorada na frente do delegado e não sabia o que dizer. Eu me via num beco sem saída, mas no final deu tudo certo.

- Eu também... Mas que papo é esse de beco sem saída, Lú? Por que “cê” ficou tão apavorada assim na frente do delegado, velho?

- Sei lá, Léo. Eu me senti coagida, mas não que eu tenha alguma coisa a ver com a morte daquele veado, mas tive medo de não convencer o delegado, sacou? Chega desse papo... Agora me deixa aqui na porta de casa que vou tomar um banho. Tô cheirando a delegacia... Beijo!

- Tchau. – Responde Leonardo arrancando com o carro em alta velocidade fazendo uma ligação pelo celular instantes depois.



De volta a Delegacia...

Saboreando um delicioso cafezinho o delegado Mendonça e o investigador Padilha chegaram a seguinte conclusão: Com o desenrolar das investigações já tinham em mãos uma lista com os nomes das pessoas mais ligadas a vítima e por tanto os principais suspeitos do crime, que inclusive já haviam prestado depoimento.



1 – Orlando Aquino e os filhos, Leonardo e Luana teriam o mesmo motivo. Acusavam o empresário de sabotar o carro de Fernanda para que ela morresse no acidente.

2 – O caseiro Jeremias. Humilhado constantemente pelo patrão que insinuava ter um caso amoroso com a mulher dele, a bela morena Rita (diarista da família).

3 – A diarista Rita. Não suportava mais as cantadas do patrão cafajeste e viu toda a humilhação que o marido sofreu na noite da tempestade.

4 – Renata, secretária de Orlando e a operadora de rádio da empresa, Carol. Tiveram recentemente (em ocasiões diferentes) relacionamentos amorosos com Abílio que teria engravidado uma delas.

5 – A misteriosa Aline, secretária de Abílio. Motivos obscuros.


Os investigadores não tinham mais nenhuma dúvida de que o assassinato do empresário não foi um fato isolado. Muita gente a sua volta tinha motivos de sobra para eliminá-lo. A grande questão era saber quem realmente praticou o crime.









- Delegado, até agora nem sinal do corpo da dona Fernanda, hein, doutor? - Indaga Padilha.

- É isso!!! – Berra o delegado, concluindo a frase: - Padilha, eu já sei com quem pode ter a solução para todo esse mistério! Manda chamar mais uma pessoa pra depor.

- Mais uma pessoa? Mas quem, doutor? Nós não já intimamos o caseiro, a mulher dele, os gêmeos, as duas secretárias, o Dr. Orlando Aquino... Ta faltando quem?

- O mecânico da família, detetive. De acordo com o depoimento da secretária Renata, no dia da confusão entre Orlando e Abílio no escritório, ele, o Abílio, mandou a secretária ligar para o mecânico para revisar o carro de Fernanda. Ora, como que o cara ta "p" da vida com a mulher e manda revisar o carro dela? Tô começando a achar que a morte da jovem pode não ter sido um acidente. Manda chamar o homem, imediatamente.

- Tudo bem, doutor Mendonça. É pra já.


Horas mais tarde...

O detetive Padilha já estava na delegacia juntamente com o mecânico José Carlos, o conhecido Jatobá, que seria interrogado naquele momento pelo delegado. Mendonça acreditava que Jatobá seria a peça chave para a montagem daquele quebra-cabeça: O assassinato de Abílio Galizza.

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