Capítulo VIII

O delegado Júlio Mendonça já havia tomado o depoimento de vários suspeitos do crime, sendo os gêmeos Leonardo e Luana os últimos a serem ouvidos.

- E então doutor, o que é que o senhor achou? – Indaga o detetive Padilha na presença de um escrivão.

- Ainda não sei senhores... Só sei é que ninguém me convenceu de nada até o momento e com certeza ainda tem muita água pra rolar embaixo dessa ponte...








Pouco tempo depois, pegando uma carona com o irmão, depois de um longo silêncio Luana finalmente desabafa:

- Eu te confesso que fiquei completamente apavorada na frente do delegado e não sabia o que dizer. Eu me via num beco sem saída, mas no final deu tudo certo.

- Eu também... Mas que papo é esse de beco sem saída, Lú? Por que “cê” ficou tão apavorada assim na frente do delegado, velho?

- Sei lá, Léo. Eu me senti coagida, mas não que eu tenha alguma coisa a ver com a morte daquele veado, mas tive medo de não convencer o delegado, sacou? Chega desse papo... Agora me deixa aqui na porta de casa que vou tomar um banho. Tô cheirando a delegacia... Beijo!

- Tchau. – Responde Leonardo arrancando com o carro em alta velocidade fazendo uma ligação pelo celular instantes depois.



De volta a Delegacia...

Saboreando um delicioso cafezinho o delegado Mendonça e o investigador Padilha chegaram a seguinte conclusão: Com o desenrolar das investigações já tinham em mãos uma lista com os nomes das pessoas mais ligadas a vítima e por tanto os principais suspeitos do crime, que inclusive já haviam prestado depoimento.



1 – Orlando Aquino e os filhos, Leonardo e Luana teriam o mesmo motivo. Acusavam o empresário de sabotar o carro de Fernanda para que ela morresse no acidente.

2 – O caseiro Jeremias. Humilhado constantemente pelo patrão que insinuava ter um caso amoroso com a mulher dele, a bela morena Rita (diarista da família).

3 – A diarista Rita. Não suportava mais as cantadas do patrão cafajeste e viu toda a humilhação que o marido sofreu na noite da tempestade.

4 – Renata, secretária de Orlando e a operadora de rádio da empresa, Carol. Tiveram recentemente (em ocasiões diferentes) relacionamentos amorosos com Abílio que teria engravidado uma delas.

5 – A misteriosa Aline, secretária de Abílio. Motivos obscuros.


Os investigadores não tinham mais nenhuma dúvida de que o assassinato do empresário não foi um fato isolado. Muita gente a sua volta tinha motivos de sobra para eliminá-lo. A grande questão era saber quem realmente praticou o crime.









- Delegado, até agora nem sinal do corpo da dona Fernanda, hein, doutor? - Indaga Padilha.

- É isso!!! – Berra o delegado, concluindo a frase: - Padilha, eu já sei com quem pode ter a solução para todo esse mistério! Manda chamar mais uma pessoa pra depor.

- Mais uma pessoa? Mas quem, doutor? Nós não já intimamos o caseiro, a mulher dele, os gêmeos, as duas secretárias, o Dr. Orlando Aquino... Ta faltando quem?

- O mecânico da família, detetive. De acordo com o depoimento da secretária Renata, no dia da confusão entre Orlando e Abílio no escritório, ele, o Abílio, mandou a secretária ligar para o mecânico para revisar o carro de Fernanda. Ora, como que o cara ta "p" da vida com a mulher e manda revisar o carro dela? Tô começando a achar que a morte da jovem pode não ter sido um acidente. Manda chamar o homem, imediatamente.

- Tudo bem, doutor Mendonça. É pra já.


Horas mais tarde...

O detetive Padilha já estava na delegacia juntamente com o mecânico José Carlos, o conhecido Jatobá, que seria interrogado naquele momento pelo delegado. Mendonça acreditava que Jatobá seria a peça chave para a montagem daquele quebra-cabeça: O assassinato de Abílio Galizza.

Capítulo VII


Era início de madrugada quando uma brisa fria escondia um crime sinistro... Hediondo... Uma pessoa foi barbaramente assassinada dentro da própria casa e aquele era o começo um grande mistério que envolvia vários suspeitos. Enquanto a madrugada passava e a tempestade já havia terminado não muito longe dalí, a pessoa responsável pelo assassinato do empresário aguardava o dia amanhecer. Será que estava arrependida do que fez?







Enquanto isso, ouvindo os latidos dos cães visinhos de Abílio decidiram verificar o que estava acontecendo. Telefonaram, tocaram a campainha da casa do cara, quase arrombaram o portão e nada. Ninguém respondia. Então o casal Augusto e Vânia decidiu chamar a polícia que só chegou com o raiar do dia.


O delegado Mendonça e sua equipe, incluindo o pessoal da perícia ali estavam já dentro da casa, diante de um corpo em meio a uma enorme possa de sangue, estilhaços do vidro e uma pistola jogada no chão. Um dos detalhes que chamaram a atenção dos agentes policiais foi o fato de que pegadas de botas sujas de lama foram deixadas da porta da frente da casa até a suíte, onde o empresário foi assassinado friamente. A polícia havia encontrado a primeira pista.




- Encontrou o caseiro, detetive Padilha? – Pergunta o delegado.

- Não doutor. Nem ele nem a mulher, a dona Rita, estão na casa onde moram lá nos fundos da mansão.

- Estranho... E esses cães latindo, onde estão?

- Os três cães estão presos lá nos fundos da casa, delegado. Acho que estão desde ontem à noite.

- Espera aí, a torneira do chuveiro estava fechada quando o corpo foi encontrado, Dr. Mendonça? – Berra um dos peritos de dentro do box do banheiro, tendo a resposta imediata do delegado:

- Exatamente. A torneira estava fechada. Precisamos colher as impressões digitais não só na torneira, mas nas maçanetas das portas, disjuntor de luz... - Tirando um lenço de um dos bolsos da enorme capa que usava o delegado apanha a arma do crime e a coloca num pequeno saco plástico.

- Delegado, essa pode ser a nossa principal pista.

- Não sei, não, detetive Padilha. Vamos examinar a arma. Mas não acredito que o assassino iria dar um vacilo desse tipo.

Após os procedimentos de praxe, incluindo o levantamento cadavérico e a remoçam do corpo ao instituto médico legal, delegado e equipe seguem para a delegacia. Quanto ao caseiro Jeremias e sua mulher Rita, continuavam desaparecidos.

- Delegado. O Senhor não acha que esse caseiro pode ter matado o cara e fugiu do flagrante, doutor?

- Tudo é possível Padilha. Mas você, como bom investigador, sabe que não podemos tirar conclusões antes do término das investigações. E a mulher do caseiro, a... Como é mesmo o nome dela, Padilha?

- Rita, a diarista.

- Isso, onde ela está?

- Nós acabamos de ser informados que ela não dormiu em casa. A dona Rita teria tido uma briga feia com o marido ontem à noite e saiu de casa.

- No meio de toda aquela chuva?

- Perfeitamente.

- Como dizia a minha mãezinha: “Debaixo desse angu tem caroço!” – Conclui o chefe de polícia.

04:00

Mais tarde...

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Capítulo VI

Orlando já estava em reunião a portas fechadas com o seu sócio Abílio no escritório da Frotáxi.

- Orlando, eu sei que não é o momento para agente falar sobre isso, mas preciso te mostrar uma coisa.

Abrindo o cofre, Galizza apanha um envelope grande e entrega nas mãos do sogro, que meio confuso pergunta:

- O que é isso Abílio?

- Abre...



- Que brincadeira é essa? – Indaga o pai de Fernanda visivelmente transtornado ao ver fotos da filha aos beijos com o seu grande amigo Henrique. De repente começa uma acirrada discussão, cheia de acusações entre os sócios da empresa de táxis mais conceituada da cidade.

- Me responde uma coisa, Abílio. Você teve alguma coisa a ver com a morte da minha filha?

- Você não tem como provar, mas aquela adúltera bem que mereceu morrer...

- Eu vou matar você, seu canalha! Você sabotou o carro dela, responde?

- Calma seu Orlando! – Grita uma das secretárias.

- “Peraê” pai... Calma! O que é que tá... Que fotos são essas? - Indaga Leonardo que acabava de chegar no escritório com a irmã Luana.

- Tudo indica que esse canalha tem alguma coisa a ver com a morte da sua irmã, meu filho.

- Você não tem como provar que eu matei aquela vagabunda. Mas eu repito: Ela bem que mereceu morrer.

- Cala essa boca seu safado... Se não eu que vou te matar. – Grita Leonardo dando um violento soco no nariz de Abílio que sai da sala ensangüentado e jurando dar o troco.

- Cadê Luana, Renata? – Pergunta Pedro.

- Não sei. – Responde a secretária, que em seguida indaga ao patrão:

- O Senhor acha que ele sabotou o carro da dona Fernanda, seu Orlando?

- Eu tenho quase certeza, minha filha. Tenho quase certeza... E isso não vai ficar assim.

Mesmo abalados com a precoce morte de Fernanda todos tinham que seguir em frente e no final de mais uma tumultuada jornada de trabalho na Frotáxi, quase todos os funcionários se retiraram, ficando apenas Orlando e a operadora de rádio Aline.


Abílio, principal suspeito de sabotar o carro de Fernanda, desde que saiu da empresa pela manhã, decidiu encher a cara de uísque e sua última parada, já por volta das 10 horas da noite, foi em uma boate que costumava freqüentar constantemente.

- Que se danem todos... Ela teve o que mereceu!

Resmungava ele sem imaginar que em frente à boate alguém misterioso o aguardava pacientemente dentro de um carro preto.








Já por volta da meia noite, a chuva ainda não havia começado a cair, mas prometia. Depois de sair da boate trocando as pernas de tão bêbado, Galizza entrou em seu carro e saiu em direção a casa de praia, sendo então seguido por um outro veículo.








Pouco tempo depois, já numa esquina próxima a casa do empresário, um vulto abrigava-se sorrateiramente debaixo da marquise de uma casa, em frente à mansão de Abílio Galizza, se protegendo da tempestade que voltou a castigar a cidade.

Usando luvas, guarda-chuva preto e uma enorme capa a pessoa misteriosa observou atentamente a chegada de Abílio na casa de praia... Cada passo... Ou por que não dizer cada tropeço do empresário era espionado de debaixo daquela marquise. Enquanto o cara saltava do carro em completo estado de embriagueis, berrando o nome do caseiro.


- Oh seu Jeremias! Jeremias! Cadê você, porra?! Vem abrir esse portão que perdi o meu controle-remoto!

- Já tô indo, seu Abílio.

- Seu incompetente. Se você demorar mais um segundo amanhã eu te demito. Hoje não que eu to muito bêbado. Demito você e aquela gostosa da tua mulher... Sabia que eu já tirei uma casquinha ali?

- Que conversa é essa, seu Abílio? Que falta de respeito é essa com a minha mulher? – Reclama o caseiro já indignado.

Mesmo revoltado com o que acabou de ouvir, em meio aquela chuva repleta de travões e relâmpagos, Jeremias abriu o portão da garagem e ele mesmo guardou o carro, enquanto Galizza seguia cambaleando em direção a entrada da casa. O empresário então empurrou a porta que estava encostada e subiu as escadas em direção a sua suíte.

- O senhor quer ajuda seu Abílio? - Pergunta o empregado, após sair correndo do carro.

- Não precisa. Me deixa em paz. Vai cuidar da tua vida. Vai cuidar da tua mulher...

- Safado, desgraçado... – Resmunga Jeremias, observando o patrão subir as escadas titubeando, esbravejando palavrões e ameaças:

- Cambada de desgraçados... Amanhã vou colocar todo mundo no olho da rua.

Ao chegar ao primeiro andar e entrar na suíte, o bebum deixou a porta entreaberta, indo direto ao criado-mudo. Ele então abriu a pequena gaveta, apanhou uma pistola municiada e a jogou sobre a cama.

- Se essa corja pensa que eu tenho medo, eu não tenho medo de nada. Tá aqui a minha arma e vou tomar banho. Quero sair pra tomar todas de novo. – Retruca o empresário, seguindo em direção ao banheiro, enquanto trovões e relâmpagos rasgavam os céus, numa intensa e assustadora tempestade.


De repente ouviu-se uma explosão e todas as luzes do bairro se apagaram. Era um raio, que acabava de cair. Os três cães que protegiam a mansão já estavam latindo desde a chegada de Abílio e ficaram ainda mais agitados com o apagar das luzes. O caseiro Jeremias, então resolveu prende-los no canil nos fundos da casa. Enquanto que pouco tempo depois a pessoa misteriosa já invadia a casa, subindo as escadas bem devagar em direção ao quarto de Abílio.




Entre um relâmpago e outro, após entrar na suíte a pessoa percebeu o brilho da arma de fogo que estava sobre a cama e não perdeu tempo. Apanhou a pistola, seguindo em direção ao banheiro do quarto, onde avistou o vulto do empresário no banho. Foram quatro disparos, mas só três tiros acertaram o alvo nas costas e na cabeça, altura da nuca. O cara morreu na hora. Em seguida o assassino (ou assassina) jogou a arma no chão e seguiu rapidamente em direção a escada, saindo pelo mesmo local por entrou: A porta da frente.


A aquela altura dos acontecimentos o caseiro Jeremias também já havia sumido, não se sabe por que. Será que foi ele quem matou o cara? Quem matou o empresário Abílio Galizza?

16:52

A tragédia

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Capítulo V

Ainda naquela noite, após receber as chaves do carro das mãos de Davi, mecânico da família, Fernanda saiu do shopping um pouco mais tarde, por volta das nove da noite e decidiu rever o amante.

Sozinha, no trajeto até a casa de Henrique, descendo uma ladeira bastante íngreme os freios do veículo não obedeceram, ela perdeu a direção e depois de capotar várias vezes em uma ribanceira afundou em uma lagoa. Chovia bastante na hora da tragédia e estava muito escuro. Como o carro de Fernanda havia ficado completamente submerso, levou cerca de três dias para ser encontrado.



O corpo da jovem jamais foi encontrado e a família decidiu homenageá-la com uma missa, com a presença de alguns familiares e os amigos mais chegados. Após a celebração em uma capela da cidade alguns pareciam não ter dúvidas de que Galizza, constantemente em conflitos com a esposa, tinha alguma coisa a ver com o desaparecimento da jovem já que as discussões entre os dois eram cada vez mais visíveis e o cara a ameaçava sempre.

- Léo, foi ele. Eu tenho certeza que foi ele. Só não sei ainda por que. Resmunga Luana.

- Eu concordo com você Lú... Mas o que você ainda não sabe é que a nossa irmã tinha um segredo e isso é que pode ter provocado à ira desse otário.

- Segredo? Mas que segredo?

- Lembra daquele tal de Henrique, que vendeu vários carros da frota falida dele para o nosso pai? Fernanda se envolveu com ele. Ela me confessou isso outro dia.

Em silêncio, Luana parecia ter certeza que o cunhado era responsável pela morte da sua irmã mais velha.

- Não se mete nisso, Lú. - Adverte Leonardo. - Pode deixar que eu resolvo essa parada. Sei muito bem o que ele merece...

Capítulo IV

Por volta das 8 da noite Luana retorna para casa e quando se prepara para o banho seu irmão Leonardo também chega e vai direto ao quarto dela.


- E aí, Luluzinha, posso entrar?

- Colé, maninho?! Entra aí... – Responde a garota, sentada na cama e enrolada em uma toalha.

- E aí, falou com o velho hoje? – Indaga o rapaz, referindo-se ao pai.

- Falei sim. Liguei pra ele hoje à tarde. Ele viajou mais não disse pra onde. Só me disse que chega amanhã de manhã.

Após a resposta a gatinha segue em direção ao banheiro do quarto deixando a porta entreaberta.




- Diz aí, o que sacana do Abílio aprontou dessa vez com a nossa irmã? - Indaga o irmão da jovem.

- Léo, o lance é o seguinte, Fernanda tá fodida com Abílio, "velho"... Já peguei os dois discutindo várias vezes e ele vive humilhando ela o tempo todo... Eu já vi até ele ameaçando ela de morte lá na loja, cara!. Dizendo que não admite traição... Esses “lances” sacou?... Agente tem que ficar de olho.

- Deixa comigo. Se aquele corno tocar num fio de cabelo dela eu acabo com a raça dele. Ele que não vacile.

- Calma Léo. Eu também tô a fim de dar um basta nisso mas é a agente que não pode vacilar... Fazer “merda” sacou?


... E os dois mudam de repente de assunto.

Meio irresponsável, mas muito ligado à família, Leonardo vive pegando as amigas e colegas de faculdade de Luana, que sempre lhe dá a maior força. Mas a “federal” do cara é a apetitosa Andresa. Cada vez mais apaixonada por ele.

- Porra, que dia, hein... Andresa quer me ver mais tarde... Acho que vou namorar pra relaxar um pouco. – Dispara ele sentado em uma poltrona ainda no quarto da irmã.

- "Ah, muleque"... “Joga duro”. Mostra que você é fiel a minha cunhadinha. – Ironiza a garota em baixo de uma ducha quente.

12:13

A Bela

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Capítulo III

Enquanto isso na casa de Leonardo, se esticando em frente ao espelho do quarto estava a bela Luana, irmã gêmea do cara. Usando um baby doll vermelho a maravilhosa Lú tinha acabado de acordar e admirava o próprio corpo diante de um dos espelhos da sua suíte. Como costumava fazer todas as vezes que acordava, por volta das 6 da manhã, se desfez da langerrie que vestia e seguiu para o chuveiro.









E na cozinha, a diarista Rita preparava o café da manhã da gata que quase uma hora depois chegou toda perfumada e absolutamente linda. Lú já usava uma calça jeans colada ao corpo e uma blusa branca, com um decote provocante.

- Bom dia, Ritinha! Cadê o meu pai?

- Bom dia, Lú! Já saiu. Você vai querer suco?

- Não. Tô super atrasada. Vou comer um pedaço de torrada e tomar esse cafezinho aqui... Huumm!!! Pãozinho gostoso... Tenho que encontrar Nanda daqui a pouco na loja. A nossa nova coleção de langerrie tá bombando... Vendendo pra ‘caramba’... Ui! Tá quente o café... Agente precisa organizar um desfile para o mês que vem.

Instantes depois Luana volta a sua suíte para apanhar a bolsa e sair correndo em direção a porta.

- A chave do carro, Luana! – “Berrou” a diarista.

- Porra, esqueci Ritinha. Brigada! Beijo, Tchau!

- Tchau. Assim que terminar eu vou para a casa da sua irmã, hein? Não quero tomar chuva. Tá vindo um temporal por aí... – Avisa a diarista Rita, sem ouvir a resposta da garota que sai apressada, batendo a porta da frente.

À medida que o tempo passa e a tempestade continua se aproximando Luana segue com o seu carro zero, também presente do pai, em direção ao shopping onde a sócia e irmã mais velha, Fernanda a aguardava na loja de langerrie. De repente o celular de Luana toca. Era Leonardo, seu inseparável irmão gêmeo.

- Já acordou preguiça?

- Já seu mané. Tô no trânsito, num engarrafamento do caralho! Léo preciso te contar um lance muito sério, falou? É sobre Fernanda. Mas só posso falar pessoalmente, sacou?

- É Abílio né? Mais tarde você me fala. Também tô dirigindo. Beijo!

- Beijo, maninho!


E não muito longe dali, também “entalado” no trânsito congestionado, estava Orlando Aquino, pai do casal de gêmeos e de Fernanda. Ele queria chegar cedo na Frotáxi para assinar alguns papéis antes de fazer uma pequena viagem.









Uns 20 minutos mais tarde Orlando finalmente chega ao prédio de dois andares, onde funcionava o escritório da Frotáxi, permanecendo no local até às sete e cinqüenta daquela manhã nublada, até o motoboy Pedro, chegar todo apressado.

- Bom dia, Dr. Orlando! – Diz ele.

- Bom dia, meu rapaz. Já estou saindo. Não precisa dizer a ninguém que estive aqui.

- Sim, senhor.

- Há, sim. Quando a minha secretária Renata chegar diga que os papéis estão na minha mesa. Fale apenas que eu liguei para avisar sobre isso.

- Pois não, chefe. Bom dia "pro" senhor.

Orlando Aquino era viúvo de Marta, que morreu após o nascimento dos gêmeos Leonardo e Luana. Marta era um mulherão e se estivesse viva teria apenas 38 anos. O quarentão Orlando nunca a esqueceu totalmente, mas mesmo assim queria seguir em frente. Tocar sua vida.

Quanto a Luana, era uma gatinha de pele morena-clara, cabelos pretos e lisos, olhos claros, 1,60m, 60 kg, pernas grossas e bem torneadas, bem parecida com a mãe, Marta. O casal teve ainda Fernanda. A mais velha. Uma loira de cabelos longos, olhos azuis e pele clara, não menos gostosa que a baixinha Luana. Com seus bem vividos 21 aninhos, Nanda era mulher de Abílio Galizza, sócio do pai dela na empresa de táxis.

Após a saída de Orlando da empresa, a operadora de rádio Carol apareceu no topo da escada do primeiro andar, onde ficava a sala dela. Com um vestidinho bege, que deixava a mostra seu belo par de pernas e um decote provocante, após um longo bocejo ela indaga ao motoboy:

- Quem tava aí contigo, Pedro?

- Ninguém, Carolzinha. Cheguei mais cedo e dei uma saída rápida. Bom dia gatinha!

- Bom dia gostoso. Eu pensei que fosse o segurança. Pedi que ele comprasse café pra mim. O daqui acabou.

- Ele já tá na copa. Passou por aqui agora.

Pedro então seguiu em direção a porta da frente do escritório, aonde encontra mais uma colega de trabalho, Aline. Aquele mulherão que Léo foi buscar no aeroporto, que mais uma vez mantinha um papo esquisito ao celular.

- Já estou com tudo aqui na bolsa. Até mais tarde!


Passam-se cinco minutos e Renata, secretária de Orlando Aquino foi a próxima a chegar ao trabalho, enquanto que Aline espiava pela janela do escritório que a ventania estava cada vez mais forte e as nuvens carregadas anunciavam um verdadeiro ‘tsunami’.






Depois de uma noite inteira na central de rádio da empresa já era hora de Carol ir embora. Ela só retornaria ao trabalho no início da noite. Na saída, a garota e o motoboy dão de cara com Abílio Galizza, que por sinal estava com uma cara de poucos amigos.

Ele mal chega à empresa e se tranca na sua sala, avisando pelo interfone as duas secretárias, Aline (que chegou em seguida) e Renata, que não queria ser incomodado por ninguém. Com certeza aquele não seria mais um dos seus rotineiros dias de trabalho.

Após se trancar na sala, Abílio abriu o seu cofre e apanhou um envelope grande. Com os olhos arregalados no pacote por alguns instantes, o cara criou coragem e decidiu abri-lo.

Para ele não seria nenhuma surpresa que ali estariam as fotos do adultério cometido pela sua esposa Fernanda. Eram as provas que faltavam para ele "chutar o pau da barraca". Babando de tanto ódio, Abílio Galizza só pensava em vingança.

Cerca de uma hora mais tarde, após uns goles de uisque, ele sai da sala de pasta na mão, sendo seguido por Aline que pergunta:

- Alguma recomendação, Dr. Abílio?

- Ligue para o mecânico e diga que vá buscar o carro de dona Fernanda no shopping. Hoje é o dia da revisão. No final da tarde eu já quero o carro dela pronto. – Ordena o cara visivelmente irritado, seguindo em direção à porta da frente da empresa.

Cada vez mais dava pra se sacar que aquele dia ia ser bem sinistro. O clima na Frotáxi estava mais quente do que nunca. O motoboy Pedro saiu em diligência, Orlando viajou e Abílio...

Bom, o cara saiu furioso e feito uma bala e não voltou até o final do dia. Após mais uma estressante jornada de trabalho, grande parte dos funcionários da empresa foi embora no início da noite, enquanto Ana Carolina, operadora da central de rádio, retornava para mais um plantão noturno, escoltada gentilmente por um segurança do prédio.

Capítulo II

No centro de uma grande cidade, da janela de um apartamento no décimo primeiro andar de um modesto edifício, um grande segredo estava prestes a ser descoberto. Usando uma luneta, alguém espionava atentamente o nono andar de um outro prédio do lado oposto da rua.



No local morava Henrique Muniz, amigo particular do empresário Orlando Aquino, um dos donos de uma conceituada empresa de táxis da cidade, a “Frotáxi”. O detalhe é que havia alguém na companhia de Henrique que não deveria estar ali, Fernanda Aquino, filha de Orlando e esposa de Abílio Galizza, sócio dele na empresa.

Naquele momento, além de espionar o casal com uma luneta, a pessoa misteriosa no prédio em frente também fotografava todos os passos da discreta Fernanda e seu amante. Após uns drinques na sala, os dois seguiram para o quarto, sendo vistos ainda melhor através de uma clara vidraça.

À medida que a sessão de fotos continuava as surpresas também. Após se sentarem na cama Renata e Henrique passaram a se acariciar e em meio aos beijos de língua e gostosas gargalhadas iniciaram mais uma tarde de puro prazer e luxúria.

As fortes cenas de amor eram fotografadas sem descanso pelo espião (ou espiã) que parecia não ter pressa de concluir a sua missão. Após registrar todas as cenas picantes daquela ‘sessão pornô’ a pessoa finalmente decide ir embora, afinal já tinha tudo o que precisava. As imagens do adultério.

Casada há pouco mais de um ano com Abílio Galizza, a bela Fernanda Aquino vivia distante da felicidade. O casal estava quase sempre em “pé de guerra” e o cara, muito ciumento, não admitia traição. Dizia sempre que mataria a esposa caso descobrisse um adultério. Sempre desconfiado, ele então decidiu contratar alguém para seguir todos os passos da jovem.


No dia seguinte ao flagrante, em outro ponto da cidade estava Leonardo Aquino, irmão mais novo de Fernanda. Apesar da pouca idade, 18 anos, Léo já trabalhava duro na empresa do pai, Orlando e do cunhado, Abílio.






Taxista ‘boa pinta’, Leonardo ganhou um carro zero quilometro do pai para rodar na praça. Mas o coroa não lhe dava moleza. O cara tinha que acordar quase sempre às 4 da madrugada para no máximo uma hora depois, já estar parado no ponto de táxi em frente à empresa, mesmo que tirando uma leve soneca (como sempre fazia debruçado ao volante do carro), mas aguardando a primeira corrida do dia.

Era uma sexta-feira nublada, com mais cara de temporal do que de sol. Depois de mais uma noite de farra, naquele momento de ressaca, Léo sonhava ter nos braços a maravilhosa Carol, sua colega de trabalho, que comandava as viaturas pela central de rádio da ‘Frotaxi’.

Carolzinha era uma loura de parar qualquer trânsito e não tinha mais de vinte e cinco anos. De acordo com os sonhos de Leonardo, a maravilhosa Ana Carolina estava peladona na frente dele, pronta para virar “comida de tubarão”. Mas de repente o sonho do cara acaba e a realidade era outra.

Fala sério... A verdadeira Carol era uma “mala sem alça” e apesar de muito gostosa, não dava a mínima para o “mané”. E lá estava ela “berrando” pelo rádio da central:

- Atenção viatura 157! Atenção Leonardo, Aline o aguarda no ponto sete do aeroporto, copiou?

- Positivo Carol. Já estou a caminho.

Secretária de Abílio Galizza, Aline Rocha era ‘toda boa’ e ao mesmo tempo muito misteriosa. Vivia de cochichos no celular e ninguém nunca sabia quem estava do outro lado da linha.

Após responder a chamada, já acionando o motor do carro, Léo sai em disparada em direção ao seu destino: Aeroporto Internacional da cidade. A neblina ainda embaçava os vidros do táxi e encobria grande parte daquela metrópole. A garota da central volta a apressar o rapaz.

- Que mala, hein? - Resmunga ele e responde em seguida:

- Não esquenta Carol. Já tô chegando, ok!?

Cerca de 20 minutos depois, bocejando sem parar, o ‘playboy’ finalmente chega ao aeroporto e dá de cara com a fantástica criatura. Sentadinha em uma única mala, abrindo um bocão maravilhoso lá estava Aline.

A gata tinha cabelos curtos, olhos azuis e um lindo bronzeado que chamava a atenção pelas marquinhas de biquíni que ela deixava aparecer de propósito. O motorista não sabia se babava ou se parava logo o táxi, para acolher aquela gostosa mulata, que usava uma blusa de seda preta transparente, que permitia ter a linda visão do sutiã rendado que vestia.

A calça justa, fazia qualquer imaginação viajar. Seguidos os cumprimentos e depois de guardar a bagagem da moça no porta-malas, o cara indaga o seu destino e ela carinhosamente em vez de lhe dar uma resposta o surpreende com uma outra pergunta:

- Para onde você quer me levar?

- Isso foi uma cantada ou uma brincadeira?

- No momento pode ser brincadeira. Quem sabe um dia?! – Diz ela com um belo sorriso no rosto e fazendo um leve carinho no queixo do cara, que quase tem um “troço”.

Apesar do tempo ruim, onde ameaçava desabar sobre a cidade um grande temporal, algumas pessoas faziam os seus exercícios matinais como de costume, enquanto que sentadinha no banco de traz do táxi a garota retocava a maquiagem quando é obrigada a parar para atender a mais uma daquelas chamadas misteriosas no celular.

- Alô! Acabei de chegar. Tudo resolvido. Não posso falar mais, tchau!

- Além de gostosa, misteriosa... – Insinua Léo, dando sempre uma espiadinha pelo espelho retrovisor na calça apertada usada pela menina, que com as pernas entreabertas, desconversa.

- Tá olhando o que, garoto?

- Nada não. Só tô observando você. Foi passear aonde?

- Não é da tua conta.

- Huumm!!! Isso tá me cheirando a sacanagem...

- Não enche garoto! Fui a trabalho. Na verdade fui fechar um negócio para a empresa, a mando do seu cunhadinho gostoso.

- Olha o respeito menina? Eu te entrego pra minha mana...

- É por isso que eu não te dou bola. “Dedo-duro”. Me leva pra casa, vai. Quero tomar um banho bem gostoso antes de ir trabalhar.

- Posso tomar banho contigo?

- Não. – Responde a moça, fazendo uma cara engraçada para risos do rapaz, que acelera o carro e segue em frente.

Capítulo I

Diálogo entre um delegado de polícia e um detetive num certo distrito policial:

- É doutor Mendonça, parece que finalmente desvendamos o mistério. Agora todos vão saber “QUEM MATOU O CARA”.

- É isso aí, detetive Padilha. Venha de lá!! – Comemora o delegado, cumprimentando o chefe do serviço de investigações do 45º DP com uma batida na palma da mão e um leve soco entre os punhos. E completa ele:

- Marque uma entrevista coletiva para daqui à uma hora com toda a imprensa. Eu disse toda a imprensa. Aqui mesmo na delegacia.

- Sim senhor, “chefia”. Vai ser uma grande surpresa, em doutor?

- Com certeza. Agora se ligue detetive. Quando marcar a coletiva, não diga por enquanto que elucidamos o crime. Diga apenas que temos novas informações e depois vá completar a operação. - Ordena o chefe de polícia com um sorriso de orelha a orelha.


Como prometido, cerca de uma hora depois, diante de um batalhão de repórteres chega o delegado Júlio Mendonça. Em meio a dezenas de profissionais da imprensa falada, escrita e televisada e uma parafernália de equipamentos, começa então a esperada entrevista coletiva.




- Delegado, algum fato novo nas investigações?

- Em primeiro lugar bom dia a todos! Talvez nós tenhamos um fato novo ainda hoje. Mas a princípio, o que eu tenho a afirmar aos senhores é o seguinte: De acordo com a perícia, a pessoa que matou o Dr. Abílio Galizza usava uma arma de fogo portátil, leve, de cano muito curto, semelhante à pistola da vítima.

- Dá pra se saber como o empresário foi assassinado, doutor delegado?

- A princípio, o que se sabe é que naquela noite e início de madrugada chovia bastante e a casa da vítima estava sem energia elétrica, já que um raio danificou a rede a elétrica de toda a rua e consequentemente de todas as casas daquele quarteirão. Então, após entrar na suíte do empresário Galizza a pessoa que o matou percebeu o brilho de uma arma de fogo que estava sobre a cama, em meio ao clarão repentino de um relâmpago.

- Essa arma de fogo seria a pistola do empresário, delegado? – Indaga um dos repórteres.

- Exatamente. Pistola que por sinal estava municiada. Então – completa ele -, essa pessoa, que usava este par de luvas aqui, achado há dois dias num terreno baldio próximo a mansão do empresário, apanhou a arma e seguiu em direção ao banheiro do quarto. Da porta avistou através do boxe fechado, o vulto do Dr. Galizza que se encontrava no banho. Então, a pessoa apontou a arma em direção à vítima e efetuou quatro disparos, acertando o alvo por três vezes. Em seguida jogou a arma ao lado do corpo e fugiu. Provavelmente pela porta da frente, por onde também teria entrado.

- Só o caseiro estava na mansão? – pergunta mais um repórter.

- O que ele alega? – completa outro, para o delegado Mendonça então responder:

- O caseiro Jeremias alega que não viu nada e nem conseguiu ouvir os estampidos devido à tempestade e que seria impossível ter visto alguém entrando, ou saindo do imóvel, devido à escuridão no local, já que, como já disse, um raio danificou a rede elétrica. Ele disse também em seu depoimento, que saiu para procurar a mulher. A dona Rita. Os dois haviam acabado de discutir feio na casa dos fundos, onde moram.

- A partir daí, a que conclusões a polícia chegou, doutor?

- Uma delas, que os senhores já sabem, é a de que a arma do crime foi mesmo a pistola da vítima. A segunda – completa o delegado – é de que o assassino, ou assassina, não planejou o crime, a princípio, já que não estava com a arma. Assim que o empresário saiu da boate denominada... Onde está o nome da boate? - o delegado perde um pouco o raciocínio em meio às anotações, sendo orientado por um auxiliar.

- Boate Super Night, doutor.

- Isso. – completa ele – Boate que fica na orla marítima da cidade.

- Delegado? – Interrompe uma jovem jornalista, sendo “atravessada” por um colega, que acompanha seu raciocínio numa mesma pergunta:

- Como o assassino, ou assassina, sabia que o empresário estava na boate?

- Essa pessoa já tinha conhecimento disso há algum tempo. Inclusive o horário exato que o cara... Desculpe; que o empresário chegava ao local, todos os sábados. Completando, senhoras e senhores, depois de sair da boate, visivelmente alcoolizada, a vítima entrou no seu carro e seguiu em disparada em direção a sua casa de praia, sendo provavelmente, seguida pela pessoa num outro carro. Que é o que iremos confirmar daqui a pouco.

- Delegado, se a pessoa não planejou o crime, por que usava luvas?

- Aquela madrugada estava muito fria. Acreditamos ter sido apenas uma coincidência.

De repente a entrevista é interrompida quando o celular do chefe de polícia toca. Mendonça fala ao aparelho por alguns segundos, com um leve sorriso no rosto e depois de encerrada a ligação informa a todos os profissionais de imprensa:

- Atenção! Atenção senhoras e senhores! Acabo de ser informado de que a pessoa que matou Abílio Galizza já foi capturada e vai entrar por aquela porta exatamente... Agora.

E foi o que aconteceu. Conforme afirmou o delegado Mendonça, o detetive Padilha, chefe do serviço de investigações, abre a porta do gabinete e manda que os agentes de polícia façam a pessoa responsável pelo brutal assassinato do empresário Abílio Galizza entrar. Para surpresa de todos o delegado então informa oficialmente a imprensa:

- Senhoras e senhores, aqui está quem matou o cara... Perdão. Quem matou o sócio da Frotaxi... (?)

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